terça-feira, 22 de junho de 2010
CURSO: A ARTE E OS ARQUÉTIPOS
http://www.projetocultura.com.br/index.php/component/content/article/39-historia/146-a-arte-e-os-arquetipos
A Arte e os ArquétiposProfessor Rodrigo PetronioDuração 4 encontros na mesma semana- Início dia 05 de JulhoDias segunda à quinta-feira, das 20:30 às 22:30 horasDatas 05, 06, 07 e 08 de Julho
Valor R$ 125,00 na inscrição + uma parcela de R$ 125,00Local Fundação Ema Klabin - Rua Portugal 43, Jardim EuropaInscrições pelos telefones 2307-0767 e 8128-5521
O conceito de arquétipo pode ser entendido sob diversas perspectivas, tendo em vista uma ênfase na filosofia, na literatura, na arte, na antropologia, na teologia, na psicologia, na história das religiões ou na sua dimensão estritamente formal. Até na biologia, na física e na química há estudiosos que propõem teorias arquetípicas.Em todos esses contextos é possível compreender a sua estrutura e as suas funções, em uma perspectiva histórica, mas também atual. Basicamente criada por Platão, a noção de arquétipo se revestiu de diversos sentidos e amalgamou em si uma série de conceitos de natureza próxima: mito, símbolo, signo, figura, tipo, protótipo, alegoria, imagem, entre outras.
No século XX, foram criadas algumas novas abordagens para o arquétipo, que têm ganhado cada vez mais o campo de estudos e aberto novas frentes de interpretação. O tema é imenso. A proposta deste curso é apenas abrir algumas janelas e lançar luzes sobre este conceito produtivo, partindo da arte, da literatura, do cinema e de temas contemporâneos em evidência.
Aula 1 - Introdução. Aarkhé de Platão e o mundo das Formas: essência, forma, real, eidos e aparência. A era cristã e o sentido figural e revelado da interpretação: entre os arquétipos e a história. Arquétipo e Alegoria, Tipos e Protótipos: a leitura cristã do mundo das Formas. A visão arquetípica da Academia Platônica do século XV. Modernidade e esvaziamento arquetípico. O debate nos séculos XX e XXI. A Escola de Eranos: Eliade, Kerényi, Corbin. Jung e a Psicologia Analítica: as bases da teoria arquetípica na psicologia moderna. O renascimento do pensamento arquetípico: Guénon, Coomaraswamy, Burckhardt, Lings, Schuon e a Filosofia Perene. O Instituto Aby Warburg: Frances Yates e Edgar Wind. Dois gênios brasileiros na cena mundial: Mário Ferreira dos Santos e Vicente Ferreira da Silva. O debate atual: Gilbert Durand, a “teoria geral dos arquétipos” e as “estruturas antropológicas do imaginário”. A nova Antropologia do Imaginário. Teoria dos arquétipos literários: Frye e Mielietinski.
Aula 2 - O arquétipo nas artes. Princípios de geometria sagrada. Formas elementares do mundo e da consciência: a Forma das formas. O “naturalismo” grego: uma aberração? Leonardo e a literalização da arte arquetípica. A Alquimia: fonte inesgotável da ação arquetípica. O princípio de matematização do espaço. Marcel Duchamp e a crítica da “arte retiniana”: abertura arquetípica ou fraude? Retorno de novas formulações sobre a arte. Paul Klee, Paul Delvaux, Balthus, Bacon: o deslocamento arquetípico. Anselm Kiefer: os dons malignos de Lilith. Alguns contemporâneos.
Aula 3 - Os arquétipos na literatura. O poema sumério Gilgamesh e o fundamento das estruturas imaginárias da ficção. O Hino de Purusa do Rig-Veda: o Homem entre o Céu e a Terra. Orfeu e o orfismo. Do Céu e do Inferno. Dante e a estrutura arquetípica da Divina Comédia. O Quixote: equivocidade dos signos e loucura − a oficina cansada dos arquétipos. Fausto de Goethe: a oclusão da alma e o pacto com a Sombra. Dostoiévski: as bases arquetípicas do Homem e a consciência do Mal. Alguns poetas arquetípicos do século XX. Guimarães Rosa: entre Deus e o Diabo, a “matéria vertente” do Homem.
Aula 4 - Os arquétipos e o mundo contemporâneo. Imanência, materialismo e construtivismo: a Santíssima Trindade da modernidade. A cruzada dos chimpanzés contra as religiões. O simbólico, o imaginário e o real: as tramas do inconsciente. Do arquétipo ao Estado. A assimilação das estruturas arquetípicas pelo Leviatã: a redução à Ideologia. O sagrado reduzido a ideologia e a “ciência”: do fascismo ao holismo. A ditadura dos oprimidos: a oclusão das formas arquetípicas e o criptofascismo contemporâneo. Cultura de massas e Sombra Coletiva. O conceito de “desejo mimético” de René Girard e a violência sagrada. Violência, desejo mimético, bode expiatório. Crise dos “ciclos sacrificiais” e declínio das instâncias de mediação simbólica. O eu, os simulacros e os bloqueios à ação arquetípica. Os arquétipos e o cinema: alguns filmes e diretores: Lang, Murnau, Bergman, Tarkovski, Von Trier, Pasolini, Sokúrov, Dreyer.
Rodrigo Petronio é editor, escritor e professor. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela USP. Professor do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC), professor-coordenador do Centro de Estudos Cavalo Azul, fundado pela poeta Dora Ferreira da Silva, e coordenador de grupos de leitura do Instituto Fernand Braudel. É membro do Nemes (Núcleo de Estudos de Mística e Santidade) da PUC-SP. Autor dos livros: História Natural, Transversal do Tempo, Assinatura do Sol, Pedra de Luz e Venho de um País Selvagem, entre outros.
CURSO: DANTE E A DIVINA COMÉDIA
http://www.projetocultura.com.br/index.php/component/content/article/62-dante-e-a-divina-comedia
Dante e a Divina Comédia
Professor Rodrigo PetronioDuração 4 encontros na mesma semanaDias segunda à quinta-feira, das 20:30 às 22:30 horasDatas 12, 13, 14, 15 de JulhoLocal Fundação Ema Klabin - Rua Portugal 43, Jardim EuropaValor R$ 125,00 na inscrição + uma parcela de R$ 125,00
Uma das obras mais traduzidas e comentadas no mundo depois da Bíblia, a Divina Comédia de Dante é um dos maiores poemas da humanidade e um acontecimento espiritual e literário basilar do Ocidente. Porém, para entendermos a sua raiz e a sua estrutura, é necessário não apenas ir além do que se designa modernamente como literatura, mas também adentrarmos domínios como o da história das religiões, da filosofia, da teologia e da hermenêutica dos símbolos sagrados. Mesmo as fronteiras geográficas e culturais disso que chamamos de Ocidente cristão devem ser postas entre parênteses, pois, sendo também uma das obras mais eruditas da história da literatura, é um mosaico que sintetiza referências antiquíssimas e de procedência vária, tanto a Oriente quanto a Ocidente, seja por meio de assimilação direta ou indireta.
Dante pode ser considerado o maior poeta órfico de todos os tempos. Ao propor, ele mesmo, várias camadas de leitura (literal, moral, alegórica, anagógica) e vários níveis de temporalidade, conseguiu uma proeza de ser um dos poetas mais humanos, na pintura dos afetos, dos vícios, das virtudes e das paixões, e ao mesmo tempo um dos mais transcendentais, ao capturar nossa condição e nossa fisionomia sempre sob um fundo de eternidade. O curso pretende levantar os principais elementos da obra, suas questões nucleares, bem como sinalizar os episódios mais importantes, como forma de orientação de leitura. Para tanto, pretende-se fazer menção a temas que vão desde assuntos históricos de época até concepções religiosas, poéticas e filosóficas que subjazem à sua estrutura.
Aula 1 - As origens da representação da vida após a morte. Poesia e Revelação: o poeta como vate-sacerdote. A invenção da imortalidade. A concepção órfico-pitagórica e a escatologia judaica: origens do conceito de imortalidade cristã. Platão e a alma imortal. As origens e as principais concepções de Inferno e Paraíso. Terra e Céu, Inferno e Paraíso. O Purgatório e os corpos intermediários. Virgilio e Platão: filtros das doutrinas esotéricas antigas. Dante e os poetas visionários arcaicos. A Divina Comédia: a poesia como gnose e a fundamentação tomista do Universo. Síntese entre poesia extático-visionária e arquitetura conceitual escolástica.
Aula 2 - Inferno: a estrutura do Inferno de Dante. Comparação com outros infernos. O problema do Mal. O Mal entre a privação e a potência: duas visões excludentes. A superação do maniqueísmo. A Mal como ausência de unidade ontológica. A divisão dos pecados e das punições e a hierarquia metafísica. A doutrina da apocatástase e o problema insolúvel da realidade do Mal. Principais episódios e personagens.
Aula 3 - Purgatório: uma “psicanálise em grande em estilo”. Transformação interior e redenção: metanoia e conversio. O sentido dos pecados de acordo com a “falta de amor”. Entre a obra humana e a graça eficaz. O processo de transformação e o sentido simbólico dos graus objetivos da natureza. O Paraíso Terrestre e a Árvore da Vida: redenção da natureza e regeneração da vida. Principais episódios e personagens.
Aula 4 - As visões edênicas e o sentido arquetípico do Paraíso. De Jardim a Cidade, de Cidade a Templo e de Templo a Eternidade: as diversas metamorfoses da concepção de Paraíso. Protologia e escatologia. A inversão dos vetores temporais: da Origem Perdida ao Fim do Tempo. Dos mitos cosmogônicos à Redenção Universal. A estrutura dos céus na Divina Comédia, os principais personagens e seus sentidos simbólicos. O Paraíso da Divina Comédia e a escatologia islâmica: Dante e Ibn ‘Arabi. Os graus do Uno. Retorno da alma ao Uno e confronto com o além-ser. Teologia negativa, mística da luz e apofatismo na ascensão do Paraíso. O Empíreo e o Primo Mobile. A reintegração de tudo em tudo e a unidade transcendente de Deus. Deus como Face e como Espelho.
Rodrigo Petronio é editor, escritor e professor. Formado em Letras Clássicas e Vernáculas pela USP. Professor do curso de Criação Literária da Academia Internacional de Cinema (AIC), professor-coordenador do Centro de Estudos Cavalo Azul,fundado pela poeta Dora Ferreira da Silva, e coordenador de grupos de leitura do Instituto Fernand Braudel. É membro do Nemes (Núcleo de Estudos de Mística e Santidade) da PUC-SP. Autor dos livros: História Natural, Transversal do Tempo, Assinatura do Sol, Pedra de Luz e Venho de um País Selvagem, entre outros.
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